quinta-feira, 30 de outubro de 2008

o cão interrompido

IRONIA: um cachorro que gosta de correr atras de crianças, ser atropelado e quebrar a perna.

agora só vive entediado. nao pode mais correr, mas escute esta passagem que se segue, antes do fatidico acontecimento, pra nao dizer trágico [. . .]

e então aqui vai,


na cabeça dele, apostava corridas com as crianças. (ainda nao te contei, mas este cão tinha o grande sonho de se tornar um corredor profissional) a emoção era grande a cada criança que se arriscava a passar na rua, (que ele) pensava ser dele num pensamento egoísta que tinha as vezes. mas como ia dizendo, sobre a emoção, nao era? bem, como descrever essa emoção? imagine um equlibrsita de vassouras conseguir ir para uma olimpiada mostrar a sua arte e todo seu equilibrio! sim, era essa toda emoção sentida por aquele cao, nem menos, nem mais. mas as pessoas nao entediam, nao podiam sequer imaginar. porque na verdade ele seria incapaz de cravar seus afiados dentinhos em criaturas tão vivas! ele so cravava os dentes em carnes suculentas, suas verdadeiras paixões, além de claro, apostar corridas , mas as pessoas na entendem, nao podem entender, afinal elas nunca entendem, ele ja deveria saber. mas nao se magoa com as pessoas, gosta delas

Hoje vibra por dentro so de pensar em tal aventura, mas logo lembra da sua condição e se abre à nostalgia, que é so o que lhe resta, que é so o que nos resta. e nostalgia é coisa boa, nao pense que não, apesar de toda melaconcolia que há incutida neste ato, totalmente involuntario diga-se de passagem, nostalgia invade, transborda, sufoca. pode até matar, cuidado

esse cão era bom, não era mal como o pintavam só queria praticar suas corridas em paz.
nao merecia tal destino, é só o que penso. até os cães têm destino? só os cães têm destinos. será destino? o que será? (angustia)


tchau

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vida privada da comédia

Sacramento é uma cidadezinha muito acolhedora, tipicamente à mineira.
Uma cidade limpa e bonita, arborizada e de clima agradável.

Bem, mais o motivo deste post nao foi esse, escrevi ali só uma singela homenagem.

Estava eu fazendo meu trabalho em um bairro cujo cemitério se encontra nele. A noite ia chegando na cidade,tomando as ruas e os carros que passavam,recolhendo os passarinhos para seus ninhos e as estrelas davam seus sinais brilhantes do céu avisando que seria uma noite tranquila e meus olhos acompanhando tudo ficaram serenos e o coração alcançou um estado de paz muito bom. Comovente, até. Então me sentei e esperei até que a Van chegasse para me buscar. E é ai que tudo começa, no lugar onde me sentei.

Já lhes conto, precisava de informar um ponto referente ao motorista pra facilitar o seu trabalho de me buscar, olhei em volta foi quando vi o cemiterio, bem, pensei, melhor ponto não há, mas uma ''voz interna'' de repente me indagou ''você não vai ficar com medo? Já é noite'' mas eu disse: ''eu sou corajosa, é tolice o medo'' afinal são mortos. Me decidi e liguei pra ele de um orelhão em frente ao cemiterio e me sentei em um banco por sinal também em frente ao cemitério. Neste momento pensei na funcionalidade do orelhão em frente ao cemiterio e me convenci que realmente era pertinente a presença dele ali. ''Oi, Ana Ary morreu esta noite as 4 da madrugada, avise mamãe e os outros por mim'' a outra responde do outro lado:''okay querida, mantenha-se forte estamos todos com você. Aonde voce está?'' e ela reconfortada diz: ''Estou te ligando direto do cemitério, eu e o falecido achamos mais conveniente vir a pé pra cá e aguardar todos aqui, não se preocupe tem até um banco para nos sentarmos. Abraço, estamos bem.''

Passada a minha infame ironia continuo então. Me sentei tranquila esqueci completamente a ideia inicial de medo e fiquei a espera. De repente vindo do cemiterio uma coruja que dá um longo voô rasante sobre a avenida e para na cerca do lote vago, imaginei que estaria caçando. Ia e voltava, não sei se mais a mesma, o fato é que de repente uma passou muito próxima a mim e eu tive a nitida imprenssão de ter visto um morcego. Nesse momento. O medo se colocou do meu lado e um panico terrivel começou a me invadir, acredite. E eu desejei muito que a a van chegasse logo. Tragédias horriveis me ocorreram no pensamento enquanto isso nao se deu. Pensei,
ai meu Deus se estes morcegos grudam no meu cabelo ou pior atacam meu pescoço e sugam meu sangue! Passaram este horror e a paranoia após um pensamento racional e que veio com uma estranha certeza na minha cabeça. De repente eu estava dizendo. ''Eu não sai da minha cidade, para fazer algumas pesquisas nessa cidadezinha tão simpatica, pra morrer em frente a porta de um cemiterio apos um terrivel ataque de morcegos que na verdade eram corujas.'' Pensado isso. Olhei e falei comigo mesma: '' Não, não é assim que eu morro.'' Continuei tranquila minha espera. Fim.



segunda-feira, 22 de setembro de 2008

17 Arnaldos

Arnaldo Antunes

Composição: Arnaldo Antunes / ReiSalles

Viver não tem volta
O dia de amanhã chegou
A culpa é de todo mundo
O rio não sabe onde vai
Que versão da verdade
Se o chão rachar o teto cai
Vivo de morrer
Deixar de ser pra deixar ser
C r e s c e r  d ó i
Perder liberta
De comerciante sem troco 

todo mundo tem um pouco

Não faço direito
Faço do meu jeito
O olho não se enxerga
O olho reflete o que vê
O avesso do espelho é você
Fecha os olhos e manda ver 

domingo, 21 de setembro de 2008

Trate com respeito a minha dor.

Um pequeno diário no blog hoje, que é pra registrar dias que me dão certeza de que vale a pena estar vivo. 

Estou de volta em casa. Cheguei de Uberlândia. Me desloquei alguns bons quilometros de casa para celebrar a vida, a família as realizações dos meu ''entes'' queridos. Valeu e sempre vale muito a pena. Dias muito bons. Felicidade, tranquilidade, harmonia com todos. . .

Mas devo registrar que quando cheguei houve um choro. Senti uma tristeza tremenda e o porque vai aí: A falta da minha vó doeu, ela ficou por lá. Vi o quanto sofreria se ela me faltasse. Amo-a muito. Uso sofreria como se nao fosse acontecer nunca. é verdade, eu sei que vai acontecer mas me recuso a construir uma frase dizendo Vou sofrer muito. pra mim essa idéia ainda não é aceitavel. Acho muito estranho eu ficar pensando nisso e então pensei em escrever sobre. e acho que foi mais estranho ainda. Mas quis compartilhar esse ''sentimento'' com você. 

Comecei o post celebrando a vida e termino com pessimismo sobre ela, perdoe realmente a minha incoerencia só estou tentando lidar com isso.

''Não tenho medo da morte, só não quero estar lá quando isso acontecer''
(Woody Allen)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sim, eu sou mulherzinha. Ou estou numa fase do gênero

terça-feira, 9 de setembro de 2008

sem mais eu fico onde estou, prefiro continuar distante

Horas depois eu irei seguir. Acordar para uma vida que é vazia sem amor Sem amor Sem amor

(Little Kids - Kings of Convenience)

''mas é que tem dias que aí meu coraçãozinho. . .''

sábado, 30 de agosto de 2008

E quem eu queria bem, me esquecia

Hoje e só hoje eu vou me permitir me entregar a tristeza, o peito apertado e o velho nó na garganta. 
Me sinto fraca a vontade é entregar os pontos, a ansiedade esta me roendo por dentro, a comida desceu sem gosto, e me sinto mal porque comi tanto na tentativa de preencher esse vazio e angustia que estou sentindo aqui dentro. Estou com medo de descontar isso em quem não merece pois além de tudo estou muito irritadiça, por isso tô bem recolhida. Queria quem sabe meu pai por perto, um abraço, seu olhar terno que me dá segurança e o sorriso iluminado que me da força e coragem pra sempre seguir 
em frente. Já está decidido, a tardezinha vou na pista fazer uma caminhada tranqüila, sentir o vento bater, me emocionar com possíveis pessoas que eu encontrar pelo caminho, um filho que brinca com o pai, uma menina que sorri feliz porque aprendeu a andar de bicicleta, a mãe serena que contempla sua bonita família, ouvir cada som da natureza, a brisa, o céu e se estiver com sorte ainda pego o pôr-do-sol. . .Voltarei  melhor não se preocupe.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Classificados poéticos

Atenção! Compro gavetas,
compro armários,
cômodas e baús.

Pre-ciso guardar minha infância
os jogos de amarelinha,
os segredos que me contaram
lá no fundo do quintal.

Preciso guardar minhas lembranças,
as viagens que não fiz,
ciranda cirandinha
e o gosto de aventura
que havia nas manhãs.

Preciso guardar meus talismãs
o anel que tu me destes
O amor que tu me tinhas
e as histórias que eu vivi.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Alfredo quando era pequeno também se chamava Fefê. Depois que cresceu, ele virou Alfredo, Barão Von Alfred, ou só Barão.
Isso porque além de ser muito antipático e besta também diziam que ele era um herói de Guerra. E os heróis de guerra às vezes acabam virando nobres: condes, viscondes ou barões.
Mas para Alfredo tanto fazia chama-lo de Barão ou de Antunes, de Pedro, de chato, você aí ou Alfredo.
Qualquer nome que chamassem, ele não respondia mesmo.

sábado, 23 de agosto de 2008

F r a g m e n t o s


Pra tentar concluir, me intrigou tanto isso porque trouxe pra mim uma verdade, uma porta pela busca intensa de me conhecer; sem exageros, algo que talvez nem eu mesma acreditasse que fosse. Tentando a todo custa provar que tenho humor, humor aliás nao aguento mais repetir essa palavra, o que mostraria um traço de mau humor? (risos)
E me apeguei tanto a isso porque durante a uma hora que estive com esse meu aluno fui muito eu mesma, tudo bem que era a primeira aula e eu me esforcei pra conquista-lo mas nada forçado tudo muito natural e ele conseguiu me conhecer mais que eu mesma até e extrai um elogio que pra mim foi de proporções incalculaveis e significações consideraveis. e crianças nao se enganam, é nisso que acredito. Porque uma verdade sobre a verdade é que a gente acredita só naquilo que a gente quer,
não é.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Everything is illuminated


Ontem à 16:59 eu aviso:
- Termine mais esta e pode começar a guardar seu material. (um pequeno sorriso).
o outro -''Anão ja ta na hora! Não quero ir embora não, cê é engraçada demais.''
- Eu sem ação depois dessa fala (apenas um largo sorriso no rosto)
Não perguntei porque engraçada, apenas gostei ignorei o tudo o mais.

Um fato normal talvez, nada demais. isso se estivessemos falando de alguém que tivesse tentando ou fez algum tipo de graça. Mas eu lhe asseguro: não fiz.

Me deixou intrigada a fala dele. Me coloquei a pensar.
Devo considerar que ele é uma criança? Na hora nem dei muita importância a fala apesar de ter gostado de ouvir. Poxa ele me acha engraçada! Mais porque isso? Ninguém me acha engraçada. Geralmente acontece de ser vista é como alguém sem muito humor ou ''espirito esportivo'' e temperamental, bem a minha mãe diga-se de passagem. Bem, não vou negar eles nao estão de todo enganados, por vezes é assim mesmo que sou ou então que me mostro. Não fugindo do assunto inicial, volto a dizer que gostei do que ouvi, mas de alguma forma aquilo me intrigou de tal forma que me dediquei a pensar naquilo, pensei muitas coisas cheguei a alguns pontos interessantes mas ainda assim continuei intrigada, afinal parecia loucura levar tão adiante a fala de uma criança, mas a verdade é que fala de criança pra mim sempre tem muita importancia nao sei ignorar ou considerar que têm uma imaginação incrivel em alguns momentos e assim simplesmente desconsiderar e então continuei no que chamei de busca parafraseando ''Uma vida iluminada''. Em meio a minha busca pensei coisas triviais como Ufa! alguém no mundo conseguiu entender meu humor, seco mas ainda um bom humor poderia dizer assim, afinal crianças sabem das coisas e assim me apeguei aquela ideia de tal maneira que seria capaz de entrar em um briga afim de provar que sim eu tenho humor! perdi o raciocinio. depois eu volto, ou não
adeus você.

sábado, 16 de agosto de 2008

azedume

Sobre mim? Porque isso é tão dificil?


Bem, hoje quando penso sobre mim a única conclusão que chego é que tô bem chata. é so o que sei dizer. ninguém que vejo me agrada, ninguém me entende (frase ridicula). No fundo sei que tem algo que me incomoda e me faz ficar assim. Eu penso que sei o que é, mas a verdade é que nem sei se eu sei. Ou quem sabe não é nada que me incomoda são desculpas, explicações que tento encontrar no meio dessa fulga de mim mesma. Estou perdida no meio de mim mesma, perdida demais pra tentar escrever algo hoje. Alguém entendeu alguma coisa?

Não pense que gosto de confundir, tá bom.

sábado, 26 de julho de 2008

Meus melhores beijos serão seus.



Sinto que você é ligado a mim. Sempre que estou indo, volto atrás. Estou entregue a ponto de estar sempre só. Esperando um sim ou nunca mais.


sexta-feira, 25 de julho de 2008

Tem vez que me dói viver como pode ser, como pode


e assimilando toda essa situação
sigo
t r a n q u i l a com muita perturbão.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Duas dúzias de coisinhas à-toa que deixam a gente feliz



Passarinho na janela, pijama de flanela, brigadeiro na panela, gato andando no telhado, cheirinho de mato molhado, disco antigo sem chiado. Pão quentinho de manhã, dropes de hortelã, grito do Tarzan. Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poço, um cachecol no pescoço. Papagaio que conversa, pisar em tapete persa, eu te amo e vice versa.Vaga-lume aceso na mão, dias quentes de verão, descer pelo corrimão.Almoço de domingo, revoada de flamingo, herói que fuma cachimbo. Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Os astros avisam


SAGITÁRIO (de 23/11 a 21/12)

Você não é de ter segredos, por isso, quando está frágil, fica sujeito a críticas intímas demais. Todo mundo se acha no direito de dar palpite. Antes que vire bagunça, dê logo um basta.

sábado, 19 de julho de 2008

que não cabe

me sinto feliz, mas, numa boa nem ouse me perguntar o por que.

talvez porque eu teria que me explicar, e isso realmente me angustia. Ou poderia ser ainda porque não gosto de conversar muito ou simplesmente porque acho meio estranho ter que dar motivos pra assim dizer: eu estou feliz, me sinto feliz !
certamente existem motivos que contribuiram mais estes não foram a máxima pra essa felicidade.


Por isso é que não gosto de explicações, são coisas estranhas. Pra tudo há uma explicação, uma boa explicação. Acho que impliquei com a razão, tolice deve ser não é. Fazer o quê.

eu estou feliz eu estou feliz .
só acredite em mim, sem que eu precise dizer mais nenhuma palavra, sem que eu tenha que me explicar acredite nos meus olhos, acredite quando eu lhe sorrio e tudo fica bem!


quinta-feira, 17 de julho de 2008

Me telefone de vez em quando


Não alimento amor por telefone, isso é ilusão. Não adianta falar de amor ao telefone, isso é ilusão. Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião, pra você chegar mais rápido ao meu coração. A fome de amar é real, não se traduz em fios. Meu ouvido não ama, apenas ouve os seus reclames. Vou desligar, não me ligue mais a obrigação da tua voz é estar aqui. Vou desligar, não me ligue mais a obrigação da tua voz é estar aqui. No ouvido do meu coração, no ouvido do meu coração. Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião pra você chegar mais rápido ao meu coração.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Oh my love


Não precisa dizer nada que você não queira dizer. Não precisa sentir nada que você não queira sentir. Só me olhe assim para que eu possa encontrar tudo que me falta em você
Eu não quero falar nada que eu tenha que explicar
Eu não quero sentir nada que eu tenha que definir
Só quero te olhar para que eu possa entender a falta em mim que vem de você. Olhe para o lado estou ali bem pertinho de você hoje eu falo sem me sufocar
Obrigada por te conhecer.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

quinta-feira, 13 de março de 2008

doçura



H á - n a - a e r o m o ç a - a - n o s t a l g i a - d e - q u e m - v a i - m o r r e r - c e d o. R e p a r e m - c o m o - v ê - a s - c o i s a s - c o m - a - d o ç u r a - d e - u m - ú l t i m o - o l h a r.

(N e l s o n - R o d r i g u e s)

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

cuidado. perigo


Ela me beijou e saiu. Desliguei a teve e abri outra cerveja. Nada a fazer nessa terra além de encher a cara. Fui até a janela. Lá embaixo na praia, Dee Dee, sentado ao lado de um jovem, conversava animada, sorrindo e gesticulando muito. O jovem também sorria pra ela. Me sentia bem em não participar dessas coisas. Me alegrava não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gostava de me sentir estranho a tudo. As pessoas apaixonadas, em geral, se tornam impacientes, perigosas. Perdem o senso de perspectivas. Perdem o senso de humor. Ficam nervosas, tornam-se chatas, psicóticas. Podem virar assassinas. Charles Bukowski

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sabia tanto de mim, sem mesmo me conhecer


"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos." Clarice Lispector

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Esse quadro na minha sala


Não sei se ele está deixando ela ir. . . se ela está indo. . .

Ou se eles estão somente se divertindo!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sapato Velho


Quando eu estiver velha, de bem com a vida, com meus desejos realizados, com memórias para dividir a cama e paz para dividir a fogueira, eu vou pentear meu cabelo e amarrá-lo sob minha boina lavada, e ver minhas mãos frias e frágeis descansarem sobre meu colo. e eu terei um vestido de pregas com um laço beijando meu pescoço. abrirei a cortina para a cidade e murmurarei uma nota hum. e esquecerei as lágrimas, e dançarei. mas oh, queria que aquela época abençoada tivesse sido mais longa do que foi.


(afternoon - tradução)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Pequenos delitos


Para mim uma boa sessão de nelson rodrigues.A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhores que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.Todo canalha é magro.A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.Antigamente, o defunto tinha domicílio. Ninguém o vestia às pressas, ninguém o despachava às escondidas. Permanecia em casa, dentro de um ambiente em que até os móveis eram cordiais e solidários. Armava-se a câmara-ardente num doce sala de jantar ou numa cálida sala de visitas, debaixo dos retratos dos outros mortos. Escancaravam-se todas as portas, todas as janelas; e esta casa iluminada podia sugerir, à distância, a idéia de um aniversário, de um casamento ou de um velório mesmo.As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado.Com o tempo e o uso, todas as palavras se degradam. Por exemplo: — liberdade. Outrora nobilíssima, passou por todas as objeções. Os regimes mais canalhas nascem e prosperam em nome da liberdade.O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será, eternamente.A vida como ela é.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008